(...) O período de Abiyan é de suma relevância, principalmente para os de conta-lavada e o de obrigação de borí. É o período de experiência, digamos assim; podem refletir sobre as responsabilidades do filho de santo, de maneira acurada. Ver se é isto mesmo que desejam. Vão conhecendo o Egbé, pensando sobre a hierarquia, vivenciando o dia-dia do Ase. Devem observar o comportamento dos mais velhos, e dos Olóyè; falar pouco e abrir os ouvidos. Verificar de adaptam ao Ilê e a Iyálòrisa.
O tempo mais significativo na vida de um filho-de-santo é este o de Abiyan.
É temerário a iniciação imediata de pessoas completamente neófitos sobre a complicada hierarquia do Mundo dos Candomblés. Daí erros, arrependimento e acusações. Hoje em dia tem muita pressa de se infiltrar pelos os corredores de um terreiro, sem qualquer respaldo. Há iniciadores que, talvez por inexperiência, ganância e outras diferentes razões, voa logo botando os clientes no Quarto-de-Asé. Na maioria das vezes, isto não dá certo, acaba sendo motivo de arrependimento e frustrações para ambos os lados.
Têm que haver vivencia previa, antes. Em especial as pessoas mais esclarecidas e eruditas.
No nosso Asé não dispensamos o período de Abiyan, salvo casos extremados, de vida ou morte. Cada caso é uma caso... em geral o Orisa espera, se quer o melhor para o seu filho. Não cabe a nós julgar e, sim, orientar. Apressa é inimiga da perfeição.
(...) Todos os iniciados têm de se conscientizar de que são a essência desta religião milenar, tão deturpada. São sacerdotes de Orisa, seu templo, a religião do Orun com a terra: passado, presente e futuro. (...) O Egbón ou Egbómi, expressão usual está, de direito apto a ser um iniciador, podendo participar do corpo de Olyé do terreiro. O conselho religioso é formado por Egbón, escolhido para o desempenho de determinadas funções.
As Ojúbóna são Egbón apontadas para criar Iyáwó no Quarto-de-Asé: é importantíssimo o trabalho delas.
São as “Mães-Criadeiras” do iniciado, responsáveis pelo aprendizado desenvolvido, em principio dos sete anos. Elas agem como intermediárias entre o Iyáwó e Iyálòrisa. Hierarquia é tudo: princípio, meio e fim. Sem ela, o caos... Trevas, desinteligência, falta de comando anarquia. Não é certo, pela hierarquia, que um Olòrisá vá ter com a Iyá, desprezando bons conselhos da Ojúbóna, a menos que esteja havendo alguma coisa terrível, muito errado: se a confiança que Sàngó e sua representante depositaram na mãe pequena do filho não estiver sendo correspondida. Então é preciso acertar tudo, o que é constrangedor e triste.
Não tem sentido uma Adosu sem educação, ignorante, bruto, de nariz em pé, senhor da situação e da verdade. Existem três tipos de Adosu às avessas: o cabeça dura, o rebelde e o desinformado, mal orientado. O rebelde sofrerá muito vitima de si mesmo entregue a própria sorte. O desinformado poderá está sendo vitima de uma trama diabólica: a sonegação de informações e disciplina, como forma de agressão dos insatisfeitos e falsos, à figura da Iyálasé.
“Estão vendo os filhos de Fulano? Não tem a mínima educação... por mim... eu mesmo! No meu tempo... e bla ,bla ,bla... “
O mais velho irresponsável está entregue à própria sorte. As conseqüências podem ser terríveis para omissão do maldoso ou covarde. Existe um dia, único dia, sem retorno, no qual o Adosu, por mais sábio que seja, depende dos outros... O julgamento é atroz.
O Iyáwó, alem dos deveres dos filhos-de-santo assentados, é sujeito a outros tantos mais complexo. É necessário que saiba tudo a respeito da vida do terreiro: ciclo de festas, obrigações dos irmãos mais velhos, borí entrada de Iyáwó, asese. Deve participar na medida do possível, de diferentes obrigações, para que aprenda.
Tem que aprender a dançar, cantar, responder os cânticos, comporta-se com dignidade, consideração, simpatia.
Hoje é filho amanhã quem sabe?
Em iniciação não se queimam etapas. Iyáwó que não viveu a vida de Iyáwó será um Egbón frustrado. Diga-se o mesmo para o Abiyan. (...) É lamentável um Iyáwó isolado dos demais, em virtude de seu comportamento reprovável, em desacordo às condições de Adosu. (...) Tudo por disciplina e, mais importante, amor! Talvez nem saibam o ase que adquirem... (...) É o cumulo a falta de traquejo. O bom senso é transmitido ou depende da sensibilidade de cada qual? A educação doméstica é trazida “de casa”. O novato sempre é novato na religião, tem que aprender o bê a bá. A hierarquia e a disciplina têm que ser mantida. O respeito aos Àgba é a essência da cultura Yoruba; as mensuras, saudações rituais, etc... quem ama o Ase deve evitar que pereça. Somos responsáveis por nossos atos.
MARIA STELLA DE AZEVEDO SANTOS,
EDITORA ODUDUWA, SÃO PAULO, 1993
show!
ResponderExcluirYá mim àsè oo muito singelo quê o conhecimento seja passado para as pessoas que fazem parte ou não de alguma casa religiosa ou algum egbe ter está conciencia de dignidade e humildade e respeito pois nos dias de hoje esta virando uma vergonha iniciar-se na religião mas linda quê há em todo o aye pós pessoas que si dizem sacerdotes é mesmo os novicos nao "generalizando" deveriam ter muito mais respeitosos as nossas tradições afro descendente Maria Stela Azevedo e uma pessoa muito íntegra há conheco pessoalmente venho dê um egbe dá mesma horigem minha tá não mais está agó mojubá os trechos lidos por mim está corretíssimo àsé yá òdé kayódé àgó.
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