sábado, 31 de julho de 2010

Nascido de Novo

um itan do Odu Oxefun, que certo dia, Oxun recebeu de Obatalá, a ordem de iniciar o primeiro ser humano no culto aos Orixás.
Havendo selecionado entre muitos, aquele que viria a ser o primeiro iniciado, Oxun tratou de seguir as orientações fornecidas pelo grande Orixá-Funfun, contando para isto com o auxílio de Elegbara e Osaiyn, além das orientações de Orunmilá.
Todos os preceitos foram seguidos à risca e era Orunmilá, através da consulta ao oráculo, quem traduzia as orientações emanadas de Obatalá.
Ao fim da cerimônia, verificou-se uma total mudança na personalidade do iniciado que, de pessoa comum, transformou-se num ser excepcional, dotado de profundo sentimento religioso e plena dedicação ao culto para o qual havia sido preparado.
Diante deste fato, Oxun, percebendo que jamais seria possível a obtenção de um ser humano de tantas qualidades, intercedeu junto ao Grande Orixá para que o sacerdote fosse preservado do toque de Iku.
Obatalá, em sua imensa sabedoria, não querendo interferir na lei natural que determina que todos os seres vivos devem um dia ser entregues aos cuidados de Iku, admitiu a possibilidade de eternizar, apenas simbolicamente, aquele a quem foi confiado à propagação de sua própria religião e desta forma, ordenou que sobre sua cabeça fosse colocado o oxú, transformando-o, imediatamente, numa ave a que deu o nome de Etú (galinha d’Angola).
Quando o iyawo é recolhido, depois dos preceitos obrigatórios à Egun e Exú, que não nos cabe descrever no presente ensaio, será então colocado em contato direto com os primeiros procedimentos litúrgicos que visam o processo de transmissão do Axé.
Durante a cerimônia de iniciação, procede-se a um ritual denominado Sasaiyn, em louvor do Orixá Osaiyn, dono e senhor de todos os vegetais e, por conseguinte, das folhas sagradas, indispensáveis em qualquer procedimento litúrgico, o que é confirmado pela máxima yoruba: “Kosi ewé, kosi Orixá”, (sem folhas, sem Orixá), o que ocorre no terceiro dia de enclausuramento  do iniciando.
A seleção das folhas litúrgicas utilizadas neste cerimonial varia de casa para casa, o que significa dizer que, embora seja estritamente obrigatória a presença das folhas do Orixá que está sendo feito, alguns sacerdotes acrescentam também as folhas de seu próprio Orixá, outros juntam aí, as folhas do juntó do iyawo, como também folhas específicas de Obatalá.
Os Orixás são invocados e seus poderes individuais são catalisados em forma de Axé, que Exú, em sua função de elemento transportador, irá direcionar em favor do iyawo, para que a metamorfose possa se concretizar plenamente.
O ritual divide-se em duas partes distintas. Na primeira parte somente as energias geradoras são invocadas, com exceção de Oxalá, que embora sendo um Orixá gerador, por uma questão de hierarquia, é invocado e saudado no final da segunda parte, quando os Orixás provedores são homenageados e têm seus poderes invocados em favor do iyawo.

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