SONHO OU UTOPIA

Não sei se é utopia.

Não sei se estou mistificando.

Não sei se é o desejo de ser verdade.

Sempre procurei meu espaço no culto.

Sempre procurei aonde era meu lugar.

Qual era objetivo da minha iniciação?

Qual era a razão de ter sido iniciado nessa casa?

Porque Ode tinha me escolhido?

Qual era seu plano para mim?

Muitas perguntas, poucas respostas.

O  tempo vai passando e  Orixá   como "operar" na minha vida.

Coincidências foram acontecendo,  um prato de caboclo igual

Um sapinho aparecendo...

Uma ”visita” para minha filha.

Gostos parecidos, como se o filho se espelhasse na mãe que nunca conheceu.

Seu instrumento musical vai para ti pelas minhas mãos, no meio de uma greve de correio. Eu a distancia aflito, só que mais uma vez deu certo e chegou a tempo para ti.

Hoje a velha senhora me deu um presente: o sorriso de minha Iyá, o reconhecimento como seu filho. Hoje minha Iyá me chamou de filho, quando está brava ou séria demais me chama pelo nome.

Parei de procurar meu lugar .

Achei !!!!

Não tenho cargo. Um dia minha mãe pequena me disse: Filho seu cargo será com 7 anos.  Claro que não disse qual. Mas fiquei triste, pois necessitava disso como reconhecimento de meu amor e dedicação a casa e a meu orixá. Mas passou, e percebi que isso não era necessário e sim uma vaidade. Evolui e a cada dia me sinto pequeno diante de tantas coisas que meus orixás demonstram.

Hoje tem mais uma função, cuidar da minha velha. Essa que veio por minhas mãos, medrosas, tensas.

Não sei se minha velha me reconhece com seu guardião ou aquele que tem a responsabilidade de cuidar de suas coisas.

Não sei  se eu seria a melhor pessoa para isso.

Mas minha mãe e meu pai pequeno um dia me disseram que Orixá escolhe os “tortos” pois são eles que precisam deles e sempre servirão de exemplo. Que quando um “torto” recebe uma responsabilidade assim ele se transforma, pois, orixá colocou sua mão no seu ori e o convocou para a luta diária de superação.

Minha velha, prometo que cuidarei de minhas Iyás como um filho cuidadoso.

Não posso lhe prometer luxo

Não posso lhe prometer ouro

Não posso lhe prometer atenção 24 horas.

Mas posso lhe dar amor, dedicação, meu coração, minhas lágrimas, minha alegria, minha simplicidade.

Posso zelar por ti minha Iyá, minha Oxum, minha Mãe Ancestral.

Esse ano ganhei três presentes : Xangô, Yemonja e a minha Mãe Ancestral

Mojuba