terça-feira, 31 de agosto de 2010

Por que o culto do orixá é chamado de Candomblé?

Em 1830, algumas mulheres negras originárias de Ketu, na Nigéria, e pertencentes a irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, reuniram-se para estabelecer uma forma de culto que preservasse as tradições africanas aqui, no Brasil.Segundo documentos históricos da época, esta reunião aconteceu na antiga Ladeira do Bercô; hoje, Rua Visconde de Itaparica, próximo a Igreja da Barroquinha na cidade de São Salvador – Estado da Bahia.
Desta reunião, que era formada por várias mulheres, como foi relatado anteriormente, uma mulher ajudada por Baba-Asiká, um ilustre africano da época, se destacou:
- Íyànàssó Kalá ou Oká, cujo o òrúnkó no orixá era Íyàmagbó-Olódùmarè.
Mas, o motivo principal desta reunião era estabelecer um culto africanista no Brasil, pois viram essas mulheres, que se alguma coisa não fosse feita aos seus irmãos negros e descendentes, nada teriam para preservar o “culto de orixá”, já que os negros que aqui chegavam eram batizados na Igreja Católica e obrigados a praticarem assim a religião católica.
Porém, como praticar um culto de origem tribal, numa terra distante de sua ìyá ìlú àiyé èmí, ou a mãe pátria terra da vida, como era chamada a África, pelos antigos africanos?
Primeiro, tentaram fazer uma fusão de várias mitologias, dogmas e liturgias africanas. Este culto, no Brasil, teria que ser similar ao culto praticado na África, em que o principal quesito para se ingressar em seus mistérios seria a iniciação. Enquanto na África a iniciação é feita muitas vezes em plena floresta, no Brasil foi estabelecida uma mini-África, ou seja, a casa de culto teria todos os orixás africanos juntos. Ao contrário da África, onde cada orixá está ligado a uma aldeia, ou cidade; por exemplo: Xangô em Oyó, Oxum em Ijexá e Ijebu e assim por diante.
Mas, por que esse culto foi denominado de Candomblé?
Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o que se chama de culto ao orixá, ou seja, cada região africana cultua um orixá e só inicia elegun ou pessoa daquele orixá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil. Por esse motivo, antigos Babalorixás e Yalorixás evitavam chamar o “culto dos orixás” de Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.
A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de “Candonbé”, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de “Candonbidé”, que quer dizer “ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa”.
Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir:
  • Candomblé da Nação Congo
  • Candomblé da Nação Muxicongo
A palavra “Nação” entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos Mahin.
Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokutá, Ijexá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.
Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu.
Esses yorubás, quando guerrearam com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil.
Quando os yorubás chegaram naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na língua fon, “piolhentos, sujos” entre outras coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nagô.
No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os Candomblés também de Xamba da região norte, mais conhecido como Xangô do Nordeste.
Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes yorubás.
Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijexá. Efan é uma cidade da região de Ijexá próxima a Osobô e ao rio Oxum. Ijexá não é uma nação política. Ijexá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilexá.
O que caracteriza a Nação Ijexá no Brasil é a posição que desfruta Oxum como a rainha dessa nação.
Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.
Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo.
A partir de Maria Neném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.
Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como por exemplo, Nagô-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu.
O Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinqüenta) anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí.
A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres. Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé, os homens não entravam na roda de dança para os orixás. Mesmo os que tornavam-se Babalorixás tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial. Daí ter-se que se inserir no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans.
Hoje, a palavra Candomblé define no Brasil o que chamamos de culto afro-brasileiro, ou seja: “Uma Cultura Africana em Solo Brasileiro”. 

fonte : Texto retirado do site http://cantodoaprendiz.wordpress.com/

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

IBEJI




O livro "Mural dos Orixás" de Caribé e texto de Jorge Amado - Raízes Artes Gráficas)
Os Ibejis, os mabaças, os gêmeos, Cosme e Damião, os santos meninos. Donos de grande devoção na Bahia. Os carurus de Cosme e Damião são célebres. Qual a casa verdadeiramente baiana que não oferece seu caruru anual aos Ibejis?
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São duas divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e Damião. Ao contrário dos erês, entidades infantis ligadas a todos os orixás e seres humanos, são divindades infantis, orixás-crianças. Por serem gêmeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e brota: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc. Seus filhos são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequente; nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhonas, sorridentes, irrequietas - tudo, enfim, que se possa associar ao comportamento típico infantil. Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem então revelar-se teimosamente obstinadas e possessivas. Ao mesmo tempo, sua leveza perante a vida se revela no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia. Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, à vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em torno de si a princípios simplistas como "gosta de mim - não gosta de mim". Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com certa facilidade.
Ao mesmo tempo, suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das atividades esportivas, sociais e das festas. A grande cerimônia dedicada a estes orixás acontece a 27 de setembro, dia de Come e Damião, quando comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto aos orixás como aos frequentadores dos terreiros.

Reflexão


Para que serve a religião?
Para que servem os sacerdotes?
Pergunto-me sempre que vejo algo que me decepciona.
Para mim toda religião é perfeita em suas doutrinas, o que as estraga são seus sacerdotes, representantes, seguidores que seja.

Não importando se é no espiritismo, na católica ou evangélica entre tantas outras. Em algumas que conheço existem doutrinas porém todas chegam a um único ponto em comum um deus supremo, que pode ser conhecido com Alá, Jeová, Olodumare, ou simplesmente Deus. E a um único fundamento no qual acredito que é essencial para qualquer uma delas que é o amor. Sim o amor, tudo que amamos nós acreditamos e assim geramos a fé. Então eu pergunto você tem fé? Você realmente encontrou “Deus” no caminho que escolheu?



Olho certos sacerdotes de minha própria religião, e me dá muita tristeza com suas condutas reprováveis. Quando se assume um compromisso sacerdotal você se torna um espelho e reflete tudo aquilo que se propôs fazer na vida. Se decidiu fazer o bem irá refletir o bem e vice versa, se decidiu olhar apenas para você o mundo ficará pequeno demais, e se afogará em si próprio. A religião nada mais é do que uma oportunidade de conviver com você mesmo e com os outros de uma maneira mais fácil. É ter acesso a uma comunidade que tem um objetivo em comum, a de se ajudar e ajudar o próximo, para que possamos viver com mais equilíbrio, pois a falta de equilíbrio é a doença no corpo e na alma como no mundo.



O mundo precisa de mais amor, de mais fé, precisa de Deus, Deus nos corações dos homens. A esses que já encontraram Deus cabe apenas passa-lo, ensina-lo para aquele que não o conhece. Sem julgar, pois Deus não descrimina. Quantos sacerdotes já viram um milagre? Para aqueles que viram um. Quantas pessoas já tentou ajudar e não deu certo? Milagre para mim é ver pessoas que aprendemos a amar com saúde, com equilíbrio, seguindo em uma vida digna. Que com toda essa correria do mundo de hoje está difícil parar e olhar ao redor, imagine ajudar o próximo? Melhor dizer contribuir para que um milagre aconteça... Milagre em nossas vidas são superações. Só nós sabemos o quão é difícil superar nossas dificuldades... Então uma palavra amiga de união e de sabedoria pode sempre ajudar a quem precisa. Nós sacerdotes temos a obrigação de ensinar esse caminho para aqueles que não encontraram Deus, pois com isso todos nós desenvolveremos mais amor, e passaremos para outros o Deus que encontramos...



Não está na Bíblia algo que justifique a inquisição ou seus ditos “Sacerdotes pedófilos”, ou no Alcorão que justifique os atentados terroristas vistos pelo mundo, como no espiritismo que tem um mancha com sua fama de “macumbas” só para fazer o mal, entre outras. Não é bem assim, sempre tem um sacerdote com uma influencia em seus seguidores o famoso EXEMPLO que ao em vez de lhe ensinarem a interpretação do amor, da paz para um crescimento, se utilizam da fé alheia para extorquirem, manipular, usufruírem do beneficio que poderiam proporcionar, transformando cada dia a religião que representam em uma imundice, manchando-a com dinheiro, sangue, traumas.... Eu tenho certeza que Deus não tem nada haver com isso... Isso é o homem.


Então para todos os Sacerdotes, os novos, os velhos, os com pouco ou muito conhecimento, mais para aqueles que encontraram verdadeiramente Deus em seu caminho, vamos lutar para preservar a nossa religião sem sugeria, vamos colaborar sendo sacerdotes dignos, exemplares, esse é o mínimo que poderemos fazer. “ Deus é amor! E o amor que ele nos ensina é o amor próprio e ao próximo, assim constituindo uma corrente onde escolhemos que tipo de elo queremos ser.”

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Olubajé


Agradecemos a todos os que colaboraram para que o Olubajé saísse no dia 21.08.10.O Olubajé foi lindo, a beleza ainda está nos corações alegres a quem Obaluaye abençoou com sua presença e com sua mesa. Que possamos está cada vez mais unidos, para que saia cada vez melhor onde em cada candomblé que o Ilê Asé Igi Omo Alaketú por na sala seja contaminado pela união e o amor dos ali presentes.Que Obaluaye abençoe a nós todos!   
Iyakekere

O semeador

Ori mi mi mi ò diversão Serere
Meu Orí faca pra mim o Bem
Ori mi mi mi ò diversão Serere
Meu Orí faca pra mim o Bem

Ori oka oka ni Sanu
Ori ejo ejo ni Sanu
A cabeça da serpente Não É maltrata

Afo mope ni Sanu ope
A trepadeira da palmeira maltrata Não é (parasita)

Ori mi mi mi ò fum Serere
 Meu Orí faca pra mim o Bem


     Ou seja: “Aquilo que nós fazemos, é em nosso próprio benefício. Aqueles que fazem o mal se arrependam. Que as pessoas aproveitem o conhecimento em função de coisas boas. Aqueles que parasitam, não destruam a fonte da sabedoria.”

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Conselho dos mais velhos


Mãe Stella, quando fala aos seus filhos, sobretudo na ocasião do jogo do começo do ano, alerta as pessoas para falar menos e tentar servir e ouvir o orixá de coração aberto.

Tomamos um pensamento da ialorixá Valnizia Pereira, do terreiro do Cobre, no Engenho Velho da Federação (Harding, 2000: 147): ela interpretou o trabalho que antecede a festa pública de candomblé como uma memória incorporada do trabalho feito pelos escravos no Brasil, enfatizando que esse é um tipo de comunicação com os ancestrais, uma continuação do processo através do qual o axé foi cultivado e transmitidos no Novo Mundo.

Temos a impressão, então, de que o trabalho braçal feito pelas filhas e filhos-de-santo na preparação das festas seja uma homenagem aos ancestrais, mas também um modo para afastar os pensamentos do cotidiano, para se liberar das tristezas e se preparar para o orixá. Nesse sentido, lembramos as palavras de uma sacerdotisa de Oiá, ebômi Sandra, que durante uma conversa no terreiro nos relatou sua interpretação sobre o trabalho para a festa: “Os escravos eram tratados mal, vocês sabem, então toda a depressão, o medo e o sofrimento podiam sair fora só através do trabalho duro. Eu mesma, quando acordo ás três, quatro horas da manhã com aquela sensação de coração apertado, levanto e preparo a comida para o dia, ou passo roupa, não fico me deprimindo mais”
“Existe sempre o positivo e o negativo numa situação. O bem e o mal são amigos. É a gente que tem que relacionar os dois.” 

Não há situações completamente negativas nem completamente positivas, e, se um dos
dois aspectos prevalece, significa que há algo de errado e que o equilíbrio deve ser alcançado outra vez, sabendo-se de antemão, porém, que a vida é uma alternância de momentos e cabe ao ser humano se equilibrar.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Olubajé... O Banquete do Rei


Fragmentos deTextos  extraído do livro de José Flávio Pessoa de Barros


Festa de Olubajé no terreiro  de Yaloshundê no Rio de Janeiro

 O ritmo da Avamunha reúne a todos. ê na mesma ordem da sequência anterior que os dançarinos, em número de vinte e um, dirigem-se a esse novo lugar, no exterior. Sobre as cabeças, os alguidares, cheio de iguarias , visto que o Olubajé é uma grande produção, distribuição e consumo do que se alimentam os orixás.
 Diante do cortejo, Yaloshundê. Atrás dela, uma filha de Oyá carrega algumas esteiras. Logo a seguir, uma outra traz, na louça de barro as folhas de “ ewe-lará”. Uma terceira filha sustenta em sua cabeça um pote de argila contendo o “ aluá “ , a bebida sagrada. Vinte e um tipos de comida geralmente são oferecidos, sete no mínimo.
 Um novo cântico de ritmo lento começa a ser ouvido. Ele marca o início do grande banquete do rei e vai se prolongar por muito tempo até o seu final.

“ Aráayé  a  je  nbo , Olúbàje  a  je nbo
Aráayé  a  je  nbo , Olúbàje  a  je nbo”
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.

 As esteiras são desenroladas e sobre elas é colocado um tecido branco e imaculado. Um após outro, os alguidares e potes são  colocados sobre a toalha e formam sobre o chão a grande mesa .
Yaloshundê incumbe a três dos mais velhos iniciados a servir, sobre as folhas de mamona, utilizados como pratos, um pouco de cada alimento contido nos recipientes. Ela mesma se encarrega de oferecer os primeiros aos convidados mais importantes, aconselhando a todos a não ficarem imóveis, mas a  dançar ou se mover sem parar e comer com as maõs.
 A música continua. Ao lado e a um canto da “mesa”  uma grande bacia esta preparada para receber os restos que devem ali ser depositados. As folhas que servem de prato devem ser fechadas, juntamente com os restos de comida não consumidos, e passadas ao longo do corpo, as mãos não devem ser lavadas…elas serão limpas ao serem esfregadas nos braços, pernas ou cabeça para que o  Axé  se impregne na pele.
 Yaloshundê , assegurando-se de que cada um foi servido, dirige-se até um convidado de grande importância de outra comunidade, exortando-o a cantar as preces de  Obaluaiê. 

È é é ajeniníiyá, ajeniníiyá

Àgò  ajeniníiyá

Máà kà lo, ajeniníiyá,
Ajínsùn aráaye,  ó  ló  ìjeniníiyá
E wa ká ló
Sápadà  aráaye, ló ìjeniníiyá,
E wa ká ló
Ìjeniníiyá  aráaye
A vós punidor, te pedimos licença, não nos leve embora.
Ele pode castigar e levar-nos embora,
mandar-nos embora de volta para o outro mundo( outro, o dos mortos).
Pode castigar e levar-nos embora, castigar nos humanos.

 Todos se ajoelham e um cântico em solo é ouvido de forma melodiosa e respondido pela audiência três vezes.Fora a voz humana, somente o  Agogô , marca os intervalos entre cada estrofe.
A prece continua…..



Opeèré má dó péré          

Ó bèré ké se                             

Má dó há, má dó pèré       
 Opeèré má dó péré             
 Ó bèré ké se                           
Má dó há,   má dó pèré  
Don hòn há                   ,
Don hòn há é à ,  Empé                      
Don hòn há                                    
Opèré má dó péré
Dó sú, màá  dó  é                                 
Dó sú, màá  dó , Dó sú, màá  dó              
Dó sú, màá  má  n’gbé                              
Ayò  kégbe  hún  hún                                      
Ayò  kégbe  hún  hún

Opere(Pássaro) não ficará só
Ele começará a gritar   
Partilhara sua comida,não ficará só
 Somente Operé não ficara só.
Ele proclamará a todos.,
Ele ficará e gritará, e não ficará só.  
Os de Empé usarão barreiras contra feitiços 
se tornarão visíveis                             
e dividirão a sua comida
Don hòn há é à ,  Empé
Operé não ficará só
ficará cansado, ficará bem
ficará cansado e será ajudado
Contende gritara, sim , sim



 ……. Todos batem palmas pausadamente – paó – saudando  Obaluaiê.
 com voz forte e cheia de entusiasmo, esta frase melodiosa ecoa. O conjunto dos participantes se levantan e cantan:

Omolú Kíí bèrú já
Kòlòbó se a je nbo
Kòlòbó se a je nbo
Kòlòbó se a je nbo
                          Aráayé.                        




Omolu não teme a briga.
Em sua pequena cabaça traz axé e feitiço
Vamos  comer  cultuando-o
Omolu não teme a briga
Em sua pequena cabaça traz axé e feitiço.
Vamos  comer  cultuando-o, todos juntos.

  Dançam em volta da mesa até que a música termine.Novamente a  Avamunha  se instala. Toda a louça, a toalha ,a esteira , a bacia com os restos são retirados do local e a antiga roda sai em fila indiana, portando os recipientes sobre os ombros, os quais serão depositados na casa de Obaluaiê  e na manha seguinte serão despachados.
 Yaloshundê anuncia em voz baixa e alguém trás um grande cesto de pipocas que é depositado aos seus pés.Com um gesto delicado ela toma um punhado de Doburus   lançando sobre os convidados caindo como chuva.
Um novo intervalo permite que os atabaques retornem ao seus lugares de origem.
 …. a dança do rei
 O Adjarim quebra o silencio , Yaloshundê a frente do cortejo entoa um novo cântico como súplica marcado ao tom do agogô.

Ágò n’ilé , n’ilé
N’ilé ma dàgó
Sápadà , A jí nsún ,
Ma dàgó
Ágò n’ilé ágò.
Permissão ( licença )
para entrar na casa.
licença Sapatá
Ajinsun, permissão
Para entrar na casa, licença.

 A estrofe é repetida até que todo o cortejo esteja presente no interior do barracão.A cada vez, o nome litúrgico de Sapatá é substituído  saudando: Ajinsun – Omolu – Onilé – Obaluaê – Jagun – Azuane  e outros num total de 16.
 Um solo surge respondido em uníssono pelo público com entusiasmo:

 Ó gbélé ìko , sàlàrè                                                               Ele vive em casa de palha
Sálà rè lórí                                                                             que é o seu alá, que cobre a sua cabeça
Ó gbélé ìko, Ó gbélé ìko                                                       vive em casa de palha
Sálà rè lórí                                                                            o alá que cobre a sua cabeça.
 Três golpes fortes no Run , fazem cessar a melodia de maneira abrupta; é o remate, que se ouve para que um outro canto possa se elevar:
 Olórí ìjeníiyà a pàdé                                                            O Senhor que mata, o Senhor que castiga
Olorí  pa                                                                                vem ao nosso encontro.

Olórí ìjeníiyà a pàdé                                                            O Senhor que mata, o Senhor que castiga

Olorí  pa                                                                                vem ao nosso encontro.
 O canto repetido varias vezes fala daquele que castiga  e pune os  infratores.
O refrão a seguir , fala da proteção àqueles que sabem bem receber :

Jó  alé ijó , é                                                                          Dance em nossa casa,
Jó  alé ijó , é jó                                                                      dance, dance , dance em nossa casa.
 alé ijó ,                                                                                  dando força e energia à nossa casa.
Àfaradà a lé                                                                           Dançando ele dá proteção à  casa.
Njó  ó  ngbèlé
Um quarto e quinto cânticos falam da tradição e da constante peregrinação do Rei conquistador. O povo de santo sempre fala dos respeito que se deve aos andarilhos, pobres e pedintes, dizendo que “ são os afilhados de Obaluaê  ou até ele mesmo disfarçado”  para observar os seus . E o último, dos campos daqueles que cultivam a terra, do lavrador que pede a Onilé fartura para seu povo

Àká  ki  fàbò  wíwà                                                               Celeiro para onde retorna a existência,
Àká  ki  fàbò  wíwà                                                               que possa você ter celeiro para onde
Wáá  kalé , wáá                                                                    retorna a existência, longa vida
Kalé sé awo orò                                                                    para cultuar as tradições, e que
Wáá  kalé , wáá                                                                    possa você  ter  longa vida
Kalé sé awo orò                                                                    para culturar as tradições.    
Ò  kíní  gbé  fáárà  farotì                                                   Ele é aquele que pode aproximar-se e dar apoio
Ò kíní  gbé  fáárà  àfaradà                                                 aquele  que pode dar força e energia
Oní pópó oníyè                                                                     com sua proximidade. Senhor das estradas
Kíní  ìyìyá  wa  ìfaradá                                                         e dos campos, Senhor da boa memória,
                                                                                              que pode nos dar força para resistirmos à dor.

Ò  ní  a  ló  ìjeníìyà                                                               Ele pode fazer secar a cabeça do homen,                
Ajàgun  tó  ló                                                                        levá-lo embora e
Ìjeníìyà  olúwàié                                                                   esculpir  a cabeça  do homem .
Táálá  bé  okùnrin                                                                Ele pode fazer definhar,
O  táálá  bé  okùnrin                                                            matar a cabeça do homen.
Wa  ki  ló  kun                                                                      É o executor que decapita ,
Táálá  bé  okùnrin                                                                que pode nos castigar .                                 
Abénilorí  ìbé                                                                        O   guerreiro que pode  castigar.                                    
Rí  ó  ní  je  olúwàié                                                              O  senhor da terra.                                                   
Táálá  bé  okùnrin                                                                O  guerreiro que pode punir.

O cântico suplica ao Deus , cujo rosto oculto inspira temor e medo, porem todos sabem que padeceu enfermo, sofreu o flagelo  do abandono e, por  isso mesmo, ampara e protege os desafortunados.

Wúlò  ní wulò                                                                       Ele é importante e necessário
A  nilè  gbèlé  ibé  kò                                                            para nós da terra, dá proteção à casa
Wúlò  ní wulò                                                                        não permita que nossas  cabeças  tombem
A  nilè  gbèlé  ibé  kò                                                            ( pelas  mãos do inimigo  )

Aspecto punitivo do Orixá, é expresso em outra cantiga , assim como seu poder criador.

Omolú  tó  ló  kum eron ènìòn                                            Omolu é aquele que pode
E  ló  e  ló  e kum                                                                  esculpir  na carne das pessoas.
Omolú  tó  ló  kum eron ènìòn                                            Omolu é aquele que pode
E  ló  e  ló  e kum                                                                 esculpir  na carne das pessoas.
Omolú  tó  ló  kum eron ènìòn                                            Ele pode, ele pode  e  ele esculpe.
Omolú  tó  ló  kum eron ènìòn                                            Ele pode, ele pode  e  ele esculpe

Sábio-sacerdotes , diante de Onilé ( Senhor da terra )  se dizem pequenos: a modéstia , no entanto , é só aparência diante dos poderosos.

As  cantigas falam disso…………
Onilè  wà àwa  lèsé  òrisá                                   O Senhor da terra está entre nós que cultuamos orixá.
Opé  ire onílè  wà   a  lèsé òrisá Opé ire                            Agradecemos felizes pelo Senhor da terra
E  kòlòbó  e  kòlòbó  sín  sín  sín                                        estar entre nós que cultuamos orixá.
Kòlòbó                                                                                Agradecemos felizes.
E  kòlòbó  e  kòlòbó  sín  sín  sín                                      Em sua pequena cabaça traz remédios
Kòlòbó                                                                                para livrar-nos das doenças
Omolú  pè  olóre  a  àwúre  e                                           Omolu  te pedimos Senhor da boa sorte,
Kú  àbó                                                                              que use seus remédios ( sortilégios )
Omolú  pè  olóre  a  àwúre  e                                           para nos trazer boa sorte.
Kú  àbó                                                                             Seja  bem-vindo!!!
Jé a  npenpe  e  ló gbé wàiyé                        Senhor que tem boa memória e pode tornar-se inteligente.
Tó  ní  gbón  mi                                                               pois eu sou insignificante  ( pequenino )                           
Jé  a  npenpe                                                                  É ele que pode dar proteção ao nosso mundo.
Omolú wàiyé  ( Obalúwaiyé )                                     È ele que pode dar inteligência, eu sou pequenino
Tó  ní  gbón  mi ó                                                         Rei, Senhor da terra, torne-me  inteligente.
Um último canto precede o balé dos outros orixás presentes á festa. Em algumas casas de santo  de tradição nagô, ele antecede o banquete. Os adeptos entram no barracão dançando.
Á frente do cortejo uma filha de Iansã tem sobre sua cabeça um balaio ornado com grandes laços.
Dentro um  “ assentamento “  de  Obaluaê recoberto de pipocas que são distribuídas aos presentes.
Em troca, quando podem oferecem pequenas quantias em dinheiro.

Kóró  nló  awo , kóró  nló awo                                            Ele vai embora,
 sé  ó gbèje                                                                             embora da cerimônia,
Kóró  nló  awo , kóró  nló awo                                            embora do culto.
 sé  ó gbèje                                                                             Ele  aceitou  comer.

Este canto anuncia que Onilé – Senhor da terra , aceitou as homenagens partilhando com todos , povo e Orixás,as oferendas.
 a  saudação  dos  convivas……
 È hora da família mítica de  Obaluaê. Vem dançar Oxumarê, seu irmão,  o arco-íris; depois Nanã, a sua mãe; em seguida Iemanjá,  sua mãe adotiva e finalmente Iansã, “ aquela que acalmou seu sofrimento na infância.
 Oxumarê, que se encontrava sentado placidamente, ao ouvir os primeiros acordes do seu  “Orô”. Isto é, da cantiga que fala de sua história. Curvando-se em uma saudação, todos ouvem seu assobio alto e melodioso, anunciando sua satisfação.
 A dança compassada deixa que todos possam admirar as roupas do Deus – Serpente .
 Òsùmàrè                                                                              Ele está sobre a casa.
Wàlé  lé  mo  rí ,  Òsùmàrè                                                  Eu vi , ele é imenso.
Lé´ lé  mo  rí ó ,  ràbàtà                                                        Ele está sobre a casa, é Oxumaré
Lé´ lé  mo  rí                                                                         Oxumaré está sobre a casa
Òsùmàrè                                                                               Eu vi Oxumaré.
 Um novo cântico, no mesmo ritmo , se ouve…..O texto fala do ´´àkoró ´´, isto é , do Senhor do àkorô – espécie de chapéu ou turbante que usam os poderosos em suas apresentações.
 Aláàkòró  lé  èmi  ô                                                             
Aláàkòró lé  ìwo                                                                    O Senhor do àkoró esta sobre mim.
Aláàkòró  lé  èmi  ô                                                              O Senhor do àkoró sobre você.
Aláàkòró lé  ìwo
 Òsùmàré ó  ta  kéré                                                              O Deus do arco-íris movimenta-se
Ta  kéré  ó  ta  kéré                                                               rapidamente.
Òsùmàré ó  ta  kéré                                                              Para diante, adiante , adiante.
Ta  kéré  ó  ta  kéré

 O Orixá dança por mais alguns minutos e, curvando-se em todas as direções , saúda os quatro cantos do mundo e a todos  os presentes, retirando-se  em  seguida.
 Os acordes dos atabaques, reverenciam  “ a mais velha das iabás’ , a venerável  Nanã. 
Yaloshundé dirige-se até ela, que placidamente aguardava seu momento de saudar  Obaluaê.
 E o cântico começa…….
 Òdí  Nàná  ni  ewà
Léwà  lèwá  e                                                                        A outra face( outro lado ) de Nanã é bonita
Òdí  Nàná  ni  ewà                                                               A outra face de Nanã é bonita
Léwà  lèwá  e
 Os versos da música sacra dizem que a “ Venerável  Anciã “ tem a outra face bela , deixando supor que existe uma que deve ser respeitada, pois Nanã está intimamente ligada ao culto dos “ egunguns “ , isto é , os espíritos dos ancestrais do povo-de-santo. A vinda do “ Ibirí “ – cetro daquela que é  “ a mais velha das deusas” é providenciado.
 Nàná  ayò                                  Nanã Olocó(aquela que tem poderes para chamar um parente morto)
Àwa  ló bímon  ayó  alóko             faça-nos felizes; nós poderemos tomar outra direção para termos a
Nàná  ayò                                                 alegria do nascimento de filhos.
Àwa  ló bímon  ayó  alóko                       Naná Olocó, faça-nos felizes.   
 
 Ò  iyá  wa  òré
Ò  ní  aijalò                                                                           Ela é nossa mãe e amiga;
Ò  iyá  wa  òré                                                                       Ela é a Senhora da alta sociedade.
Ò  ní  aijalòòde

 Ao sons dos atabaques, majestosamente ela  comprimenta a todos na sua despedida; os presentes respeitosamente a saúdam  e reverenciam………..- Sálù  bà  Nàná….. Sálù  bà  Nàná ….
….. outra mãe está  para chegar….
È a vez de  Iemanjá ,  a quem se pede proteção, filhos saudáveis , parto  tranquilo, beleza e prosperidade.
Suas vestes regiamente ricas em tons claros fazem dela uma das mais belas das Iabás.
Os cânticos falarão de seus atributos, os mesmos que seus adeptos em todos o Brasil desejam e suplicam á deusa das águas.
 As quatro cantigas que se seguem falam disso:

Yemonja  àwa                                                                       Iemanjá  protege-nos e nos enche de
Ààbò  a  yó                                                                            satisfação.
Yemonja                                                                                È Iemanjá , estamos protegidos ,
Àwa  ààbò  a  yó                                                                   e nossa satisfação é completa.

Ìyààgbà  ó  dé  iré  sé              A velha mãe chegou fazendo-nos felizes, nos cumprimentamos Iemanjá.
A  kíì   e Yemonja                   A primeira que chamamos para abençoar nossa casa e dar satisfação.
A koko  pè  ilé  gbè  a ó yó                Usar seu rio que escolhemos para nos banharmos,
Odò  ó  fi  a  sà                                   pois o rio que escolhemos
Wè  rè  ó                                            é o rio  que usas para seu banho.

A  sà  wè  lé  ó                                                                        Nós escolhemos nos banharmos
Odò  fi  ó                                                                               em nossa casa.

A  sà  Wé  lé  ó                                                                      Ela  costuma escolher

A  sà  Wè  lé  ó                                                                      banhar-se no seu rio.

Ìyá  kòròba                                                                            Mãe que enfeita os cabelos dividindo-os
Kòròba  ní  sàbá                                                                   no meio da cabeça, ela tem o hábito de
Ìyá  kòròba                                                                            enfeitar os cabelos dividindo-os no meio
Kòròba  ní  sàbá                                                                   da cabeça.

A dança de  Iemanjá é solene  e altiva. Ora parece um minueto, onde uma dama graciosa caminha, ora simula um mergulho em águas imaginárias e profundas.
Todos repetem suas saudações em tom alto de admiração:

= Odò  Ìyá  – ah!! A mãe dos rios !!                            = Èérú  Ìyá   -  Mãe das espumas das águas !!
 Ao cessar o toque dos atabaques ela despede-se de todos os presentes, curvando-se de maneira graciosa; e assim é ela mesma, sozinha que se dirige para o quarto – de – santo.
 O silencio  no barracão e interrompido,  Oiá  “ Senhora dos raios, das tempestades, mãe de todos os ancestrais-egunguns” está chegando.
Quando começam as cantigas de Oiá, um frenesi percorre o barracão e o ritmo rápido de suas músicas contagia a todos.
E  assim começa seu grande bailado, numa coreografia com as mãos espalmadas para frente e para o alto evocando os ventos que antecedem as tempestades.

Oya  balè  e  Láárí  ó                                                            Oiá  tocou  a  terra, ela é importante.
Oya balè                                                                                Oiá  tocou  a  terra
Oya  balè  e  Láárí  ó                                                            Oiá  tocou  a  terra
Oya balè                                                                                Ela é e alto valor, Oiá  tocou a  terra.
Àdá  máà  dé  f´àrá                                                               Que sua espada não chegue até nós,
gè  ngbélé                                                                              e nem use seus raios para cortar a casa                
 Oya  balè  e  Láárí  ó                                                           onde  vivemos.

Ó  ní  lábá-lábá  -  Ó lábá  ó                                                Ela ( Oiá ) é uma borboleta
Ó  ní  lábá-lábá  -  Ó lábá  ó                                                ela é uma borboleta.

Olúafééfé   sorí                                                                     Dona dos ventos que sopram sobre seus
Omon                                                                                    filhos.

Os textos da  Deusa guerreira, falam que ela é a senhora dos ventos e alguns ate afirmam  “ ela também  é bela e delicada como uma borboleta”  ….” quando quer “, …respondem outros.
= Epa  He  yi  Oyá !! – Salve Oiá !!…a assistência exclama em voz alta, e novamente o silencio se faz.
 …celebrando  a  criação
 Vestido de branco , segurando um longo cajado e indiferente a toda agitação do barracão está
Oxalufâ  -  “ o Senhor da Criação “ .
 Amparado, é delicadamente erguido de sua cadeira; a passos curtos e lentos é conduzido até a orquestra, que  aguarda pacientemente sua caminhada até que chegue mais próximo, para então executar o seu ritmo Igbi.
 Ao seu lado, Oxaguiã ,  seu filho guerreiro, e como ele, também  “ Pai da Criação “.
Amparado pelo guerreiro, o mais velho encurvado começa a dançar, e todos exultam….
 = Epa  babá !!  -   Respeitos  ao  pai !!             ///         = Epa  babá !!  -   Respeitos  ao  pai !!

Èyin  rí  àwa                                                                    Vós vedes a nós e a crença em nossos corações.
ìgbàgbó  wa  okòn                                                            Vós vedes a nós e a crença em nossos corações.
Èyin  rí  àwa  , ìgbàgbó  wa  okòn                                   Façais com que haja concórdia em nossa reunião
Ètùtù  sé  ipadé  siré                                                             de xirê ( dançar e brincar para  orixás )
Kò  rú  lé, kò  rú  lé,                                                              Que não causeis confusão na casa,
Bàbá  Ifá                                                                               Pai Ifá.
E  sìn  sé  ipàde  siré                                                             Vos cultuaremos em nossas reunião de xirê,
Kò  rú  lé, kò  rú  lé,                                                             não causeis confusão em nossa casa,
Bàbá  Ifá                                                                               Pai Ifá.
 Sem cessar a dança e no mesmo ritmo, é saudado, agora, Ajalá , o grande oleiro, construtor das cabeças dos homens:

Àjàlá  mo  rí  mo  rí  mo  yo                                                 Ajalá fez o meu ori ( minha cabeça ),
Álá  forí  kòn                                                                         me germinou e fez crescer,alá que segura
E  àgó  fi rí  mi                                                                      e mantém a minha cabeça.

Bée  orí  kò  kíì  Àjàlá                                               Assim não há ori ( cabeça ) que não saúde Ajalá.
Bàbá  òkè  kí  a  mò  rè                                        O Pai que está no topo,  nós o conhecemos e saudamos.
Kíì  Àjàlá  bée  orí  kò                                               Ajalá , não há ori que não o faça.

Um último cântico  é executado para saudar os orixás funfun – donos do branco, da “ pureza” como dizem outros, é em especial a homenagem a  Oxaguiã, sempre louvado no alvorecer, nas preces feitas aos ancestrais.

Ojó  mò  tyìn  odó  aláyé  ojó                                               Chefe do dia que entende o dia
Ojó  bí  walé  ojó                                                                   e tem pilão.
Ojó  mò  tyìn  odó  aláyé  ojó                                               O que nasce em nossa casa ,
A  bo  wa  Bàbá  ó                                                                vamos cultuar o nosso pai.

Uma história ouvida  há alguns anos, na Casa Branca do Engenho Velho  –  Ilê  Ia – Nassô , relata…..
 “ Oguiã, que gostava muito de guerra…voltava para sua cidade, quando viu que ela estava muito vazia..soube então que parte de seu povo fora levado e escravizado…Cheio de raiva vai á floresta e arranca uma imensa árvore  e vem sobre o seu tronco até o Brasil…No meio do mar encontra  uma linda mulher, Iemanjá-Ogunté, guerreira como ele…fazem um filho – Ogunjá… e os três chegam à Bahia para lutar juntos por sua gente….”
 Neste dia  – o da festa – apesar das homenagens feitas a todos no xirê, dois Orixás estão ausentes:
Xangô – o irmão rival do homenageado.
Ogum, de quem o povo-de-santo diz ter com ele “ uma disputa” muito antiga com referencia  a faca.
 A luta dos que veneram os Orixás não pode cessar.
 lentamente  os convidados se retiram….
                                                                o dia já amanhece na casa de Ialoshundê….