quinta-feira, 12 de julho de 2012

Pessoa Cotidiana X Pessoa de Asé

A benção pra quem é de benção, kolofé pra quem é de kolofé, mucuiu pra quem é de mucuiu e motumbá pra quem é de motumbá;
Irmãos e Irmãs, vejo que há a carência de uma compreensão na rotina dos barracões da nossa fé. E esta é:saber gritante diferença entre a pessoa cotidiana que você é e a pessoa de asé,também real em si, parte da individualidade de cada um de nós na existência espiritual.
E antes do levante dos "paladinos gabriela",dizendo"Eu nasci assim, eu cresci assim;E sou mesmo assim, vou ser sempre assim", eu digo : isso só é bonito na canção.
Evoluir , definição da palavra: "passar por transformações sucessivas."
Então,Meu Bom,se não sabe se adaptar, o conselho é sair de qualquer fé afrobrasileira, porque Orixá te aceita como você é? Sim,mas não significa que esse aceitar (pela Sua infinita misericórdia por seres tão pequenos e mesquinhos quanto os humanos) seja concordar com fraquezas,vícios e erros.
Orixá entende a carne fraca?Orixá perdoa as debilidades de caráter? Sim, desde que,não se configure a sem-vergonhice de saber estar errado e mesmo assim impetrar a falta, na desculpa esfarrapada de que O Encanto sabendo da pouca solidez e perseverança da alma encarnada, consequentemente,dá indulgência plena....conversa para "boi dormir".
O mesmo se dá com a atitude de intolerência com a falha alheia.Orixá pode entender sua revolta diante de afronta, mas não desculpa o eewó quando sem controlar seus instintos, causa "ti-ti-ti" em cochichos pelos cantos ou "barraco".Ao assim proceder, está pensando no "eu" antes do "nós".A saber, no ilê axé, "nós"se traduz como harmonia coletiva em torno do objetivo de transcender.
Quando entramos pela porteira do barracão,temos que tentar ao máximo, deixar as falhas da pessoa cotidiana que somos,as reações explosivas e exercitar a boa vontade, mesmo significando "segurar touro à unha" pois pela infalível "Lei de Murphy", sempre tem aquele "calo Nicanor", o/a irmão /ã "folículo capilar encravado,inflamado e mal espremido" na férrea missão de pertubar seu ori,arrumar tumulto e enlouquecer sua paciência!
Todos nós, é claro, vamos a roça de Candomblé para zelar de nossos Orixás e catiços sem objetivar agradar "gregos e troianos", contudo,enquanto família espiritual, temos o dever de agir de forma plácidapara assim nos combinar convenientemente com os outros,acomodando as personalidades de forma apropriada e sobre as regras do Orixá regente da casa para formar egrégora única,onde todas as energias dos elementos neste clã, fortaleçam a raiz.
Quando falamos que "nosso irmão isso","nossa irmã, aquilo", pecamos três vezes:
a-Estamos formulando julgamento da pessoa perante os Orixás da Casa, principalmente o Regente (Santo do Zelador).E quem se diz "paladino da justiça", antes de mais nada tem de ser "a pureza do absolutamente justo"."Você é?Eu não,sou falha e humana, portanto vou pelo conceito“Não julgueis para não serdes julgados”.Se o Regente resolver que na questão "nem tu , nem ele" são totalmente certos, cabeças rolam...Gosto muito da minha sobre o pescoço!
b-Quem quer compreensão e paciência com suas falhas,os dê ao próximo.Do contrário, dedos em riste e olhos de rigor,seguirão seus passos.
Há uma parábola hindu, onde um guru perguntou a Deus qual a pior falha para o mestre espiritual,ser rígido demais com os discípulos ou amoroso em benevolência excessiva?Deus respondeu:ser duro e inflexível é bem pior,pois no fundo desta ação há vestígios da vaidade em ostentar:"_Viu, eu sou melhor do que você,mais digno e correto aos olhos de Deus"....e ninguém é melhor que ou pior que,diante do Criador
c-A fé afrobrasileira, no seu conjunto como cultura,se baseia na coesão do núcleo tribo-família.Sem o laço apertado na união das partes,a individualidade dos que a constitui,se deteriora em asé. Quando há crises no clã,cabe ao/a Zelador/a ou pessoas a quem delega essa missão de educar,corrigir a falta envolvendo somente os interessados.O burburinho e comentários são kijila, gerando energias de antagonismo,de repulsa,corroendo o fluxo de poder mágico e místico na vida das pessoas e rituais feitos.
No Candomblé se canta junto,se dança junto, se louva junto,pratica-se iniciações junto,se come junto e se cresce junto.É a energia do todo para o vencer do um e vice-versa.Então, tentar fazer "carreira solo",ou seja,não alimentar bom convívio entre irmãos,é andar na contramão da fé.
Deixo aqui minha opinião,abrindo espaço a considerações dos manos e manas.
Sempre desejando somar

"Se você julga as pessoas, não tem tempo de amá-las" _ Mark Twain


Texto de Ya Rachel de Igbale. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário